CARRO DE DESPORTO
Todos nós na companhia sabíamos que o Carlos Ferreira não ganhava muito. Mesmo para quem tem uma vida pequeno-burguesa e decente. Com a sua esposa, dois filhos, a sogra e dois gatos, vivia uma vida modesta de um contribuinte médio. Mas, nesta história comum, havia uma coisa incomum. O Carlos era um orgulhoso dono de um rápido carro de desporto, os quais geralmente condiziam com os senhores de carteiras bem recheadas. Sobre esse facto estranho nunca perguntamos ao nosso Carlos, tal como nunca aceitamos as suas ofertas de boleias (caronas, em português brasileiro), pela simples razão, que tínhamos uma excepcional necessidade de chegar aos nossos destinos vivos. Uma noite, no bar do Manuel, depois de alguns copos de um forte vinho tinto do Alentejo, o Carlos contou-nos o seu pequeno segredo sobre o carro de desporto: O seu primeiro carro recebeu como um presente de casamento de um parente da Alemanha. Levou de carro toda a família pela cidade. Saindo do carro, depois dessa condução desportiva, a sua sogra jurava que nunca mais sentaria com ele no carro. A partir desse dia o Carlos comprava sempre os carros rápidos, e a sua sogra sempre mantinha a sua palavra. A harmonia governava na casa do Carlos.
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