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Daí temos o R forte. Ele necessariamente ocorre, para todos os falantes da língua, no começo de palavras ('rato'), no começo de sílabas após outra consoante na escrita ('Israel', 'tenro') e quando se tem um R duplo na escrita ('carro'). Além disso, este R também é pronunciado no final de sílabas em grande parte dos dialetos brasileiros, incluindo os nortistas, nordestinos e sudestinos (com exceção de São Paulo); creio que isso também ocorra em alguns dialetos africanos mais influenciados pelo português brasileiro, mas não tenho certeza. Nesse último caso, assim como acontece para quem usa o R fraco nessa posição, o R também pode ser omitido no final de palavras ('fazer'), mas automaticamente se transforma no R fraco caso se conecte tal palavra com outra iniciada em vogal ('fazer isso'), como já expus acima.
Agora, o SOM REAL utilizado para o R forte, meu amigo, é que pega... Temos muitas possibilidades: em alguns dialetos mais conservadores, ainda se utiliza o R 'vibrante', aquele do espanhol ([r]). Nos dialetos europeus e africanos padrões, utilizam-se os Rs 'uvulares' (produzidos na região da úvula; os Rs do alemão, [ʁ] e [ʀ], este último também sendo 'vibrante'). Aqui no Brasil, há muita variação: no Norte e aqui no Nordeste, geralmente se utilizam os Rs 'glotais' (produzidos na garganta, na região das cordas vocais; [ɦ] e [h], este último sendo o H do inglês); nas demais regiões, são mais comuns os Rs 'uvulares' ([ʁ], [χ] e [ʀ]) e 'velares' (produzidos na região do palato mole; [ɣ] e [x], este último sendo um dos CHs do alemão). Mas isso é só uma ideia geral, pois todos esses últimos Rs (ditos 'fricativos', não incluindo o [ʀ]) ocorrem em variação livre em todos esses dialetos, às vezes dependendo de fatores como entonação, ênfase, velocidade de fala, etc. (+)