user45846
O uso do gerúndio no Brasil Boa noite, Gostaria de saber o porquê de no Brasil usarem constantemente o gerúndio. Quando os colonizadores foram para o Brasil, não usavam constantemente o gerúndio. Um dos textos obrigatórios em Portugal, no 9º ano de escolaridade, é "O Auto da Barca do Inferno" de Gil Vicente. O texto foi escrito em 1531 e como podemos ler eles não usam o gerúndio e falam quase como os Portugueses falam actualmente. Podendo assim dizer que o português que mais se afastou de como se falava antigamente foi o português brasileiro. Gostava de saber se foi por causa dos escravos africanos, dos europeus que foram para o Brasil ou mesmo pelos povos indígenas. Pois antigamente não se falava como os brasileiros falam actualmente. Aqui está a obra para quem tem interesse: http://www.cm-sjm.pt/files/19/19501.pdfUma rapariga russa pesquisou e encontrou a seguinte resposta no wikipedia: O "brasileiro" é mais susceptível à influência do espanhol, provavelmente devido ao ambiente de países de língua espanhola, imigração espanhola (no sul do Brasil), alternando a posse Espanhol-Português do território (Estado do Acre, no Uruguai, e assim por diante. D.), o Espanhol-Português união de 1580-1640 e a existência de mistura da língua espanhola-português Portuñol. Por exemplo compare: es.- "estoy escribiendo", bras.- "Estou escrevendo", port.- Estou a escrever.""
27 wrz 2016 19:42
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Olá, Sophia. Sinceramente, eu não tenho uma resposta histórica que possa explicar esse fenômeno, mas considerando que o Brasil é um país multicultural e que sofreu influências diversas ao longo dos séculos, não duvido que seja uma inovação regional por conta de outras línguas. Todavia, posso afirmar-lhe que não é algo tão recente, e provo com o livro "Dom Casmurro", de Machado de Assis, grande escritor literário brasileiro do século XIX (o livro foi publicado em 1899). Há passagens em que se utiliza o gerúndio, como esse trecho que extraí do Capítulo III: "— Perdão, doutor, não estou defendendo ninguém, estou citando. O que eu quero é dizer que o clero ainda tem grande papel no Brasil". Logo, não é uma inovação recente. Entretanto, venho pesquisando (olhe o gerúndio aí!) há um tempo sobre fonologia da língua portuguesa, e descobri que ao contrário do que pensamos, muito do que hoje se fala em Portugal foi inovação europeia, ao passo que o Brasil manteve-se conservador. A pronúncia chiada do "s" e "z" em final de sílaba, como em "atrás" ou "mesmo" (/ɐ'tɾaʃ/ e /'meʒ.mu/, respectivamente) não pertence ao português original, mas ocorreu em Portugal no século XVIII. No Brasil, esse chiado é mais comum no dialeto carioca, e acredita-se que tenha sido trazido para cá quando da transferência da Corte Portuguesa em 1808, e que influenciou a fala local. Entretanto, a maioria da população brasileira conserva os sons sibilantes (/a'tɾas/ e /'mez.mu/). Há várias inovações e conservadorismos que encontrei nesse livro, que inclusive trata do gerundismo no Brasil, mas não explica sua origem: https://disciplinas.stoa.usp.br/pluginfile.php/158086/mod_resource/content/1/TEYSSIER_%20HistoriaDaLinguaPortuguesa.pdf Sei que essa parte final foge um pouco do que você questionou, mas acho interessante, porque é comum pensarmos que no Brasil é que houve inovações, quando na verdade em alguns pontos a fonética ou outros aspectos mudaram em Portugal e foram mantidos por aqui.
27 września 2016
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Na verdade foi o português de Portugal que evoluiu, enquanto o português do Brasil manteve o gerundismo da versão mais antiga da língua. Este trabalho científico fala sobre isso: http://www.gel.org.br/estudoslinguisticos/edicoesanteriores/4publica-estudos-2006/sistema06/356.pdf Conversando com amigos galegos, me parece que a pronúncia do galego se assemelha mais ao português brasileiro do que a pronúncia da maioria das regiões de Portugal. Me disseram que uma possível razão é que enquanto o galego foi proibido por séculos, e o português do Brasil ficou estagnado, o português de Portugal continuou a se desenvolver, e por isso se afastou mais dos outros países de língua portuguesa. (Mas para isso ainda não tenho fonte! haha)
28 września 2016
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Muito boa a discussão, Sophia. A resposta da Gabriela é bem direcionada ao questionamento. Acrescento também uma perspectiva para complementar o comentário do Péricles sobre o mais novo uso do gerúndio que é o "estar + gerúndio" esse novo uso do gerúndio tem muita contribuição do telemarketing, algum grupo de COACH ou algo assim começou a usar isso e virou uma mania nacional. Eu particularmente odeio isso porque me relembra as operadoras TIM, VIVO, OI e empresas de cartão de crédito, todas falam isso, parecem um robô programado para dizer algo como: "vou ESTAR DIRECIONANDO sua ligação". E sobre a polêmica que o Diego soltou na resposta dele... bem, acho que hoje não existe um português tão fiel ao cerne da língua. Concordo com os outros que disseram que o Português de Portugal foi o que mais sofreu modificações. Isso se deve, talvez, ao fechamento por anos da população brasileira à comunidade interlacional como Europa, América do Norte, Ásia, Oceania. O convívio mais próximo com povos não brasileiros eram os outros países Sul-Americanos que falam espanhol e naturalmente preserve algumas característica do nascimento da língua. Por mais que recentemente, na perspectiva histórica, tenha tido muitos imigrantes isso não mudou muito, pois eles tinham que aprender o Português. O mais inusitado é imaginar que o local que se diz o Português mais genuíno é uma região de Galiza chamada Fisterra, ou seja, um país não lusófono oficialmente, isso segundo o ex-Eurodeputado do Bloco Nacional Galego Camilo Nogueira. O Português falado pelos brasileiros e quando dito por alguém de Galiza são bem semelhantes quando deixada a parte algumas peculiaridades que não envolvem o gerúndio.
28 września 2016
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boa pergunta! Não sei também o porque do gerúndio em alguns casos, talvez seja influencia da língua inglesa , como somos bombardeados com muitas coisas dos Estados Unidos e adotamos muita palavras e expressões deles, a estrutura gramatical também podem ser influencia deles, é apenas o meu palpite.
27 września 2016
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Sophia, até mesmo aqui no Brasil, o uso do gerúndio constantemente quando não há uma ação contínua acontecendo é considerado um vício de linguagem (gerundismo) que foge à norma culta da língua. Não posso te garantir quais os fatores histórico-culturais que contribuíram para a nossa maneira de usar o gerúndio, mas o tal vício de linguagem a que me refiro é algo relativamente recente por aqui.
27 września 2016
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